Elon Musk quer prover internet do espaço

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Elon Musk, além de construir super-trens, revolucionar carros elétricos, baratear o custo da exploração comercial do espaço e planejar a colonização de Marte, ele agora quer prover internet via satélite.


A proposta da SpaceX não é original, nem inédita. Usar uma constelação de satélites em órbita baixa, 4.000 no caso para prover acesso internet em qualquer lugar do mundo é algo que muita gente vem querendo fazer faz tempo. Bill Gates tentou, Mark Zuckerberg abandonou um projeto secreto de US$ 500 milhões com essa finalidade, e há várias empresas querendo uma fatia desse mercado, então por que a SpaceX é diferente?

Simples: know-how e custo. Colocar 4.000 satélites em órbita é um desafio logístico e financeiro, mas a SpaceX não depende de foguetes dos outros. Ela pode trabalhar a preço e custo e amortizar mais ainda se mandar os satélites como carga excedente em lançamentos para seus clientes.

Os serviços de internet via satélite existentes são caros e lentos. Alguns são inclusive híbridos, o download é via satélite mas o upload é via linha discada. A latência é imensa, culpa da velocidade da luz, pífia. Com os satélites a 36.500 km de altitude, na Órbita de Clarke, você começa com mais de 1/10 de segundo de latência. Maldito Einstein.

Com satélites a uns 400 km de altitude ou menos, o problema da latência acaba (ok, diminui muito). A grande quantidade de satélites diminui o custo e a complexidade individuais. Se um ou dez morrerem num lançamento mal-sucedido, não será o fim do mundo como um satélite de US$ 1 bilhão que levou dez anos pra ser construído.

Musk pediu autorização ao FCC para testar três satélites, ano que vem. A estimativa é que tudo dando certo, o sistema esteja operacional em 5 anos. Não vai acontecer.

Mantendo-se os custos do Facebook, US$ 500 milhões termina em um custo individual de US$ 125 mil por satélite, incluindo construção e lançamento. É MUITO pouco, até a LightSail custou bem mais.

No lado do prazo, 5 anos são 60 meses. 4.000 satélites divididos por 60 meses dá 66,6 lançamentos por mês. Mesmo que sejam lançados 10 satélites por foguete, isso dá 6,6 lançamentos em 4 semanas. É um ritmo absolutamente insano.

O problema aqui é que poucos satélites em órbita baixa não cobrem uma área muito grande, um sistema de internet via satélite que fique fora do ar por minutos, às vezes horas é inútil. No caso é tudo ou nada, Musk precisará de algumas dezenas de satélites, fornecendo conectividade limitada, antes de sequer começar a vender o serviço.

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