Especialista do mercado imobiliário vê potencial revolucionário na tecnologia que chega ao Brasil com a primeira bolsa de imóveis tokenizados.
A chegada da primeira bolsa de imóveis tokenizados ao Brasil inaugura uma nova era para o setor imobiliário, que passa a contar com uma tecnologia capaz de transformar radicalmente a forma como imóveis são adquiridos, negociados e acessados.
Para Daniel Claudino, escritor, analista e especialista do mercado imobiliário, o processo de tokenização representa uma ruptura com a lógica tradicional de compra e venda. “Tokenização é o processo de digitalizar ativos do mundo real, sejam tangíveis, como imóveis e carros, ou intangíveis, como royalties, direitos autorais ou patentes”, explica.
No mercado imobiliário, isso significa a possibilidade de fracionar imóveis digitalmente e torná-los acessíveis a diferentes perfis de investidores, sem a burocracia tradicional. “Embora seja possível estruturar negócios compartilhados sem a tokenização, esses processos ainda dependem de contratos complexos, cartórios, escrituras, compromissos de compra e venda e acordos formais demorados”, afirma Claudino. “A tokenização rompe essa barreira, trazendo agilidade, simplicidade e segurança jurídica por meio da tecnologia blockchain.”
O especialista compara o impacto da tokenização ao avanço de outras tecnologias que mudaram hábitos de consumo. “A antiga TV por assinatura foi substituída por plataformas como Netflix e Prime Video, não apenas pela oferta de conteúdo, mas pela facilidade de acesso. O mesmo aconteceu com o smartphone. O aparelho em si não trouxe todas as inovações, mas seu design com tela touchscreen, combinada à conectividade e capacidade de processamento, permitiu o surgimento de aplicativos que transformaram hábitos, como o Spotify, o Internet Banking, as redes sociais e serviços como o Uber.”
Na visão de Claudino, estamos apenas no início de uma transformação profunda. “Em breve, será natural que as pessoas fechem negócios imobiliários diretamente pelo celular, em conversas informais com amigos, oferecendo participação em frações de empreendimentos ainda em construção”, projeta. “E mais: a troca de ativos será ainda mais flexível, permitindo, por exemplo, que alguém ofereça ações da Petrobras como parte do pagamento por um token de um imóvel.”
Apesar dos desafios jurídicos ainda existentes no Brasil, especialmente na integração com cartórios, o especialista é otimista: “A tokenização tende a facilitar transações mais ágeis, seguras e transparentes, abrindo caminho para um mercado mais dinâmico, inclusivo e digital.”