Índice
A reciclagem de lixo eletrônico tem se mostrado um dos maiores desafios ambientais no Brasil.
No Distrito Federal, embora os números estejam acima da média nacional, ainda há muito a ser feito para alcançar uma gestão realmente eficaz desses resíduos.
Dados da Secretaria de Meio Ambiente do DF (Sema-DF) revelam que, somente no primeiro semestre de 2025, foram recolhidas 450 toneladas de equipamentos eletroeletrônicos. Mesmo com esse avanço, especialistas e autoridades reconhecem que os esforços ainda não são suficientes.
Pontos de coleta e iniciativas públicas
Segundo Luciano Miguel, subsecretário de Gestão das Águas e Resíduos Sólidos, o DF conta com 120 pontos de entrega voluntária (PEVs) para a destinação correta do lixo eletrônico. Além disso, a Sema-DF oferece serviço de coleta domiciliar gratuita para cargas de até 30 kg.
Essas medidas visam evitar que materiais contaminantes, como mercúrio, chumbo e cádmio, sejam descartados de forma irregular, causando danos ao meio ambiente e à saúde humana. O subsecretário ressalta que a reciclagem de lixo eletrônico também se apoia em políticas de reaproveitamento, com destaque para o projeto Reciclotech.
Reciclotech: recondicionamento e educação ambiental
O Reciclotech atua no recondicionamento de eletroeletrônicos danificados, por meio de limpeza, reparos e substituição de peças. Caso os equipamentos não tenham condições de recuperação, são destinados corretamente ao desfazimento, reduzindo os impactos ambientais.
Além disso, o projeto promove a educação ambiental, envolvendo jovens em processos de reciclagem e transformação de resíduos em insumos ou novos produtos.
Obsolescência e cultura de descarte
Paulo Celso dos Reis, vice-diretor da Faculdade de Tecnologia da UnB, destaca que o DF tem desempenho superior ao restante do país, onde a taxa média de reciclagem de lixo eletrônico é de apenas 3%. Ainda assim, ele alerta que o volume coletado precisa crescer muito mais.
Segundo o professor, a rápida inovação tecnológica e a obsolescência programada são barreiras significativas para a economia circular. Muitas pessoas descartam aparelhos funcionais por motivos estéticos ou de status, o que agrava a geração de resíduos.
Responsabilidade compartilhada e políticas públicas
A legislação brasileira prevê responsabilidade compartilhada na cadeia de resíduos, incluindo fabricantes e revendedores. Para Paulo Celso, é fundamental que o governo cobre o cumprimento dessa obrigação e promova medidas que valorizem o uso prolongado dos dispositivos.
A Sema-DF afirma que trabalha na criação de novos normativos que reforcem a logística reversa. O objetivo é responsabilizar os fabricantes em função do volume produzido, incentivando ações que contribuam para o reaproveitamento e reciclagem.
Caminhos para o futuro
O ideal, segundo especialistas, é consolidar uma rede de coleta ampla, associada a centros de desmontagem e capacitação profissional. Essa estrutura poderá transformar o DF em referência nacional em reciclagem de lixo eletrônico, com ganhos ambientais, sociais e econômicos.
Programas como o Reciclotech e os acordos com entidades como a Abree são exemplos de caminhos possíveis para ampliar a eficiência da gestão desses resíduos.
Quantidade de lixo eletrônico recolhido no DF
-
2023: 420 toneladas
-
2024: 510 toneladas
-
2025 (até junho): 450 toneladas
Esses números revelam um crescimento gradual, mas é necessário manter o ritmo e expandir a conscientização para alcançar metas mais ambiciosas.
Perguntas frequentes
O que é considerado lixo eletrônico?
Equipamentos como computadores, celulares, televisores, impressoras, eletrodomésticos e seus acessórios, que não funcionam mais ou foram descartados.
Como descartar corretamente lixo eletrônico no DF?
É possível entregar em um dos 120 pontos de entrega voluntária ou agendar a coleta gratuita domiciliar de até 30 kg com a Sema-DF.
Por que o lixo eletrônico é perigoso para o meio ambiente?
Esses resíduos contêm metais pesados e substâncias tóxicas que podem contaminar o solo, a água e afetar a saúde humana.
O que é o Reciclotech e como ele funciona?
É um programa que recondiciona equipamentos eletrônicos e promove educação ambiental, capacitando jovens e reduzindo o descarte irregular.
