Mark Zuckerberg Tropeça na Apresentação dos Novos Óculos da Meta

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Existe algo particularmente doloroso em assistir uma demonstração tecnológica fracassar ao vivo. É como ver alguém tropeçar em público – você sente uma mistura de constrangimento alheio e uma estranha satisfação em perceber que, mesmo os gigantes da tecnologia, são humanos.


Foi exatamente isso que presenciamos na última apresentação de Mark Zuckerberg no MetaConnect 2025. O CEO da Meta, conhecido por sua postura calculada e muitas vezes robótica, teve um encontro brutal com a lei de Murphy: tudo que pode dar errado, dará errado – especialmente quando há 4.000 pessoas assistindo ao vivo.

A Promessa vs. A Realidade

Os novos óculos Meta Ray-Ban Display chegaram com uma proposta ambiciosa: serem os “primeiros óculos com IA e alta resolução” da empresa. Com preço de US$ 799 e prometendo uma tela de 5.000 nits de brilho, pareciam ser o próximo grande salto em tecnologia vestível. Junto com a Meta Neural Band – uma pulseira que detecta movimentos do pulso para “escrever” no ar –, o conjunto prometia revolucionar nossa interação com a tecnologia.

Mas entre a promessa e a entrega, havia um abismo chamado “realidade tecnológica”.

Quando a Tecnologia Não Colabora

O momento mais constrangedor veio quando Zuckerberg simplesmente não conseguiu atender uma chamada do seu próprio CTO, Andrew Bosworth. Imagine a cena: você está apresentando o futuro da tecnologia para milhares de pessoas e não consegue fazer algo tão básico quanto atender o telefone. Bosworth teve que subir no palco fisicamente – uma solução decididamente analógica para um problema digital.

A demonstração do “LiveAI” foi ainda pior. Os óculos ficaram presos em loop, repetindo “Agora que você fez sua base…” enquanto o apresentador implorava por instruções sobre como, bem, fazer a tal base. É o tipo de situação que qualquer um que já lidou com assistentes de voz reconhece imediatamente.

A Desculpa do Wi-Fi (E Por Que Não Cola)

Zuckerberg tentou culpar o Wi-Fi pelas falhas, mas essa explicação levanta questões ainda mais preocupantes. Se óculos de US$ 799 não conseguem funcionar adequadamente em uma rede Wi-Fi de auditório – uma situação relativamente controlada –, como se comportarão no mundo real?

Mais problemático ainda: a culpa do Wi-Fi não explica por que os óculos não conseguiram atender a chamada. Isso sugere problemas mais fundamentais com a interface e a integração entre os dispositivos.

O Elefante na Sala: IA Agêntica

O que mais me incomoda na apresentação é como Zuckerberg passou por cima das falhas para falar sobre IA agêntica – a ideia de que a IA pode agir de forma independente em nosso nome. Ele mostrou um vídeo (convenientemente não ao vivo) dos óculos sendo usados para “projetar uma prancha de surfe e encomendar peças”.

Mas se a IA não consegue nem explicar como fazer um molho básico sem travar, como podemos confiar nela para fazer compras por nós? É como tentar vender um carro de Fórmula 1 que não consegue sair da primeira marcha.

A Lição Mais Ampla

Essa apresentação fracassada revela algo importante sobre o estado atual da tecnologia de IA. Estamos em um momento estranho onde as capacidades da IA em laboratório parecem mágicas, mas sua implementação no mundo real ainda é frustrante e inconsistente.

A Meta não está sozinha nisso. Toda a indústria tecnológica está correndo para lançar produtos de IA, muitas vezes antes que estejam realmente prontos para uso público. O resultado são experiências como essa: promessas grandiosas seguidas de frustrações básicas.

O Que Isso Significa Para Nós

Como consumidores, precisamos desenvolver um ceticismo saudável em relação às demonstrações perfeitas e aos vídeos promocionais. A verdade está nas demonstrações ao vivo que dão errado, nos momentos não planejados onde a tecnologia mostra suas limitações reais.

Os óculos da Meta podem eventualmente entregar o que prometem. A tecnologia vestível certamente tem potencial. Mas por enquanto, talvez seja melhor esperar pela segunda ou terceira geração – quando os bugs mais embaraçosos já tiverem sido resolvidos.

Porque se há algo que aprendemos com essa apresentação é que, por mais avançada que seja nossa tecnologia, ainda estamos longe do futuro sem falhas que os gigantes da tecnologia adoram nos vender.

E francamente, há algo reconfortante nisso.

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