Deepfake é usado para burlar biometria do Gov.br e movimentar R$ 50 milhões

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A segurança cibernética enfrenta desafios não apenas com tecnologias avançadas, mas também com métodos mais simples. Imagem: Reprodução

Os criminosos utilizaram tecnologia de inteligência artificial para criar vídeos e imagens altamente realistas, capazes de enganar o sistema de verificação facial.


O uso de deepfake por quadrilhas digitais no Brasil tem se tornado um alerta crescente para especialistas em segurança. Em uma operação recente da Polícia Federal, um grupo criminoso foi desarticulado após aplicar uma sofisticada fraude com biometria facial na plataforma Gov.br. A investigação revelou movimentações de mais de R$ 50 milhões em contas bancárias.

Como a fraude foi realizada

Os criminosos utilizaram tecnologia de inteligência artificial para criar vídeos e imagens altamente realistas, capazes de enganar o sistema de verificação facial. O golpe consistia em alterar as características faciais dos fraudadores até que estas fossem aceitas como verdadeiras pelo sistema do Gov.br.

Esse tipo de tecnologia, conhecido como deepfake, permite gerar expressões e movimentos convincentes a partir de uma única imagem. O objetivo era contornar o sistema de “liveness”, que verifica se a imagem capturada é de uma pessoa real e viva. Com o acesso liberado, os golpistas realizavam operações financeiras em nome das vítimas.

Falhas nos sistemas de autenticação

Segundo Fábio Assolini, pesquisador de cibersegurança da Kaspersky, a configuração do Gov.br precisa ser acessível a milhões de usuários, o que pode tornar o sistema de validação facial mais tolerante. Essa abertura cria uma brecha para ações criminosas, exigindo revisão constante dos protocolos de segurança.

Com o avanço da tecnologia, métodos de fraude que antes dependiam de recursos rudimentares – como fotos em bonecos – deram lugar a mecanismos sofisticados e difíceis de detectar.

Desdobramentos da operação policial

Além da ação da Polícia Federal, outras investigações apontam que esse tipo de fraude com biometria facial não é isolado. Em outubro de 2024, a Polícia Civil do Distrito Federal descobriu mais de 550 tentativas de invasão com o uso de deepfakes. O esquema envolvia empréstimos fraudulentos, geralmente em nome de servidores públicos.

As denúncias partiram de vítimas que notaram movimentações financeiras incomuns, incluindo transferências em moeda estrangeira. A polícia conseguiu rastrear os autores por meio do IP e registrou tentativas de burlar a biometria com registros em vídeo.

Inteligência artificial como arma do crime

A popularização de ferramentas baseadas em IA tornou a fraude mais acessível. Segundo especialistas, não é necessário ser um hacker experiente para aplicar o golpe. Grupos como o “Gringo 171” já comercializam pacotes de ataque com interface simples, voltados para iniciantes no crime digital.

Golpes também envolvem fraudes simples

Além da alta tecnologia, métodos tradicionais ainda são usados. Em Santa Catarina, um esquema foi descoberto em abril de 2024, onde um funcionário de uma operadora de telefonia enganava clientes para validar acessos por biometria facial. Isso mostra que, embora a fraude com biometria facial esteja mais sofisticada, ela ainda pode acontecer de forma simples e direta.

A importância de reforçar a segurança digital

Casos como esses reforçam a necessidade de maior investimento em segurança cibernética por parte do governo e das instituições financeiras. A cooperação entre setores é essencial para identificar vulnerabilidades e prevenir novas ocorrências. Usuários também devem adotar boas práticas, como ativar múltiplas formas de autenticação e monitorar suas contas regularmente.


Perguntas frequentes

O que é fraude com biometria facial?

É um tipo de golpe onde criminosos usam tecnologias, como deepfake, para simular rostos e burlar sistemas de verificação facial.

Como o deepfake é usado nesses golpes?

Os golpistas criam vídeos ou imagens que imitam o rosto da vítima, enganando o sistema de reconhecimento facial para acessar contas e realizar transações.

O Gov.br é seguro contra esse tipo de golpe?

Embora possua mecanismos de proteção como o liveness, a ampla acessibilidade pode reduzir o rigor da análise facial, exigindo melhorias constantes.

Como posso me proteger contra fraudes com biometria facial?

Utilize autenticação em dois fatores, evite expor muitas fotos em redes sociais e monitore suas movimentações bancárias com frequência.

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