Falhas no Enem 2025 mostram fragilidade do banco de itens

O MEC decidiu anular três perguntas, o que ampliou a repercussão do caso. Imagem: Reprodução

As questões foram anuladas após vazamento de conteúdos semelhantes apresentados por um estudante dias antes da prova.


A crise na produção do Enem voltou ao centro do debate após o vazamento e a anulação de três questões no Enem 2025. O episódio reacendeu discussões sobre falhas estruturais no Inep e revelou, mais uma vez, que a crise na produção do Enem não é nova. Embora soluções tenham sido sugeridas ao longo dos anos, o problema persiste. Assim, cresce a pressão para modernizar processos, ampliar o banco de itens e reforçar a segurança das avaliações.

Uma crise tão significativa expõe fragilidades profundas que afetam a credibilidade do exame mais importante para ingresso no ensino superior brasileiro. A produção das questões, essencial para o bom funcionamento do Enem, enfrenta escassez de itens, falta de servidores e limitações tecnológicas. Por isso, especialistas afirmam que o episódio de 2025 não é isolado, mas parte de um problema crônico.

Crise renovada e impactos imediatos

O Enem 2025 enfrentou um novo escândalo após um estudante de medicina antecipar, em uma transmissão ao vivo, conteúdos idênticos ou muito semelhantes a questões aplicadas no exame. O MEC decidiu anular três perguntas, o que ampliou a repercussão do caso. Esse episódio deixou claro que a crise na produção do Enem está diretamente ligada ao baixo volume de itens disponíveis no Banco Nacional de Itens (BNI).

Segundo auditoria interna realizada em 2023, o BNI apresenta problemas “crônicos relacionados à quantidade e à qualidade” das questões. Sem uma base robusta, o risco de repetição, vazamentos e incidentes aumenta de forma significativa.

Falta de estrutura e redução de servidores

Ao analisar a causa dos problemas, especialistas apontam a falta de estrutura como fator determinante. O Inep tem enfrentado queda no número de servidores ao longo da última década. Em 2014, o órgão contava com 441 servidores. Em 2024, o número caiu para 297. No mesmo período, suas atribuições aumentaram. Assim, tarefas mais complexas passaram a ser executadas por equipes reduzidas.

Além disso, a crise na produção do Enem também se agrava pela necessidade de treinamento constante. Os profissionais responsáveis pela elaboração e revisão das questões lidam com processos detalhados e altamente sigilosos. Portanto, mudanças frequentes nas equipes e baixa capacidade de reposição de pessoal prejudicam a continuidade e a qualidade do trabalho.

Pré-testes e riscos de vazamento

O pré-teste das questões é um processo essencial para medir o grau de dificuldade de cada item. No entanto, esse mesmo processo envolve riscos de vazamento. A participação de estudantes nos testes, embora necessária, já causou problemas no passado. Quando as questões são decoradas e reaparecem em exames oficiais, criam-se situações críticas, como a ocorrida em 2025.

A mudança no perfil das avaliações pré-testadas, realizadas em programas da Capes, buscou reduzir a exposição direta a estudantes do ensino médio. Contudo, vazamentos continuam ocorrendo. Muitos participantes conseguem memorizar questões, apontando falhas nos protocolos de segurança.

Produção insuficiente de itens

O Inep não divulga oficialmente o tamanho do BNI. Ainda assim, estimativas extraoficiais indicam que o banco opera com cerca de 2.000 itens, número considerado insuficiente. Para efeito de comparação, o Enem exige, a cada ano, pelo menos 540 questões previamente testadas para compor as três versões do exame: a nacional, a PPL e a prova de emergência.

Quando o banco opera próximo ao limite mínimo, como sugerem os dados, a crise na produção do Enem se agrava. Quanto menor o banco, maior a probabilidade de reutilização de itens já memorizados. Isso gera vulnerabilidades e amplia o risco de novos escândalos.

Opiniões de especialistas reforçam urgência

Reynaldo Fernandes, ex-presidente do Inep, afirmou que desde 2009 o banco já era considerado pequeno. Segundo ele, o ideal seria acumular cerca de 30 mil itens para minimizar riscos. A tecnologia também precisa avançar, especialmente o software responsável por armazenar e organizar as questões.

Representantes dos servidores afirmam que o Inep recebeu diversas novas atribuições nos últimos anos, sem o devido reforço estrutural. Dessa forma, a crise na produção do Enem se mantém porque o órgão não acompanha a complexidade crescente das avaliações nacionais.

Caminhos para superar o problema

Para resolver definitivamente as falhas, especialistas sugerem medidas urgentes: modernização tecnológica, ampliação do banco de itens, contratação de servidores e revisão dos protocolos de pré-testes. O Inep afirma que trabalha na recomposição do quadro de pessoal e na atualização do software do BNI. Entretanto, essas ações precisam ser contínuas e estruturadas para superar a crise na produção do Enem de maneira efetiva.

Perguntas Frequentes

Por que houve anulação de questões no Enem 2025?
As questões foram anuladas após vazamento de conteúdos semelhantes apresentados por um estudante dias antes da prova.

O que é o Banco Nacional de Itens do Enem?
O BNI é o conjunto de questões testadas e aprovadas que o Inep usa para montar as provas do Enem todos os anos.

Por que ocorrem vazamentos nos pré-testes?
Os pré-testes envolvem muitos participantes, e alguns conseguem memorizar itens, aumentando o risco de divulgação indevida.

Qual a solução para evitar novas crises?
Ampliar o banco de questões, reforçar a segurança, investir em tecnologia e recompor a equipe do Inep.

andrea: