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A empresa tem buscado reduzir sua dependência do Ocidente, alinhando-se à estratégia do governo chinês de fomentar a autossuficiência tecnológica.
A Huawei lançou recentemente seu novo notebook dobrável, o MateBook Fold, e apesar do design inovador, o produto revela uma importante limitação tecnológica: ele ainda utiliza um chip de 7 nanômetros, fabricado pela SMIC, a principal empresa chinesa de semicondutores. Esse fato destaca o impacto das sanções dos Estados Unidos no setor de tecnologia da China, dificultando o avanço rumo a processadores de última geração.
Processador ainda distante da liderança global
O chip de 7 nanômetros do MateBook Fold é o mesmo utilizado no smartphone Mate 60 Pro, lançado dois anos antes e que já havia causado surpresa entre autoridades norte-americanas. No entanto, desde então, pouco progresso foi percebido. Enquanto isso, empresas como a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC) se preparam para produzir chips de 2 nanômetros ainda este ano — três gerações à frente do que a Huawei está oferecendo atualmente.
Esse atraso não passa despercebido por especialistas. De acordo com a consultoria TechInsights, a SMIC ainda não domina uma tecnologia equivalente ao nó de 5 nanômetros em escala comercial. Isso demonstra que a China continua enfrentando obstáculos técnicos consideráveis para acompanhar o ritmo das líderes globais na indústria de chips.
Dependência tecnológica e substituição nacional
O notebook dobrável, lançado em maio, roda o HarmonyOS, sistema operacional proprietário da Huawei. A empresa tem buscado reduzir sua dependência do Ocidente, alinhando-se à estratégia do governo chinês de fomentar a autossuficiência tecnológica. Por isso, aumenta a adoção de componentes e tecnologias nacionais em seus dispositivos.
No entanto, a dificuldade em obter equipamentos de litografia ultravioleta extrema, fornecidos por empresas como a holandesa ASML — cujo fornecimento à China foi proibido — representa um dos maiores entraves. Esses equipamentos são essenciais para produzir chips mais avançados, usados em inteligência artificial, servidores em nuvem e dispositivos móveis de alto desempenho.
Huawei e SMIC sob pressão internacional
Os Estados Unidos mantêm rígidos controles de exportação que restringem o acesso da China a componentes estratégicos, como os chips de IA da Nvidia. Esses bloqueios visam conter o avanço tecnológico de um país visto como rival geopolítico no setor de inteligência artificial. Com isso, a aposta do governo chinês recai sobre gigantes locais como a Huawei e a SMIC para liderar o desenvolvimento de tecnologias críticas.
Segundo o Departamento de Comércio dos EUA, mesmo os chips Ascend, desenvolvidos pela Huawei para aplicações em IA, devem atingir produção limitada de apenas 200 mil unidades em 2025. Essa capacidade reduzida reforça os efeitos contínuos das sanções sobre o ecossistema chinês de semicondutores.
Ren Zhengfei minimiza o impacto
Apesar dos desafios, Ren Zhengfei, fundador da Huawei, tenta adotar um discurso otimista. Em entrevista ao jornal People’s Daily, declarou que o país pode alcançar desempenho semelhante ao dos chips avançados utilizando técnicas alternativas, como o empilhamento de componentes. Essa abordagem busca contornar as limitações impostas pelas sanções, mesmo que sem alcançar a eficiência dos chips mais modernos.
No entanto, a realidade atual indica que a indústria chinesa de semicondutores ainda depende de uma série de avanços técnicos e estratégicos para se aproximar dos principais concorrentes globais. O uso do chip de 7 nanômetros no novo notebook da Huawei é um retrato claro dessa estagnação.
Perguntas frequentes
O que significa um chip de 7 nanômetros?
É um chip fabricado com litografia de 7 nanômetros, o que indica o tamanho dos transistores usados. Menor tamanho geralmente significa maior eficiência e desempenho.
Por que a China ainda usa chips de 7 nanômetros?
Devido a sanções dos EUA, a China tem acesso limitado a equipamentos de fabricação de chips mais avançados, como os de 5 ou 3 nanômetros.
O novo notebook da Huawei tem bom desempenho mesmo com chip de 7 nanômetros?
Apesar de não usar tecnologia de ponta, o chip oferece desempenho razoável para tarefas do dia a dia, mas fica atrás de concorrentes de última geração.
As sanções dos EUA realmente impactam a tecnologia chinesa?
Sim. Elas limitam o acesso da China a ferramentas essenciais para fabricar chips modernos, retardando sua evolução em áreas como IA e computação de alto desempenho.