IA Hollywood virou o assunto dominante do entretenimento em 2025. Estúdios falaram em eficiência, inovação e novas formas de produzir. Ainda assim, o público viu poucos exemplos convincentes na tela. A maior parte do que chegou ao consumidor soou raso, mal acabado ou pensado para cortar custo.


A indústria já usa ferramentas de IA há anos em tarefas de pós-produção. Entram aí rejuvenescimento de atores e remoção de fundo de tela verde. Em 2025, o foco mudou. Hollywood começou a flertar com a geração de vídeo por texto, um tipo de produto que entrega volume, mas raramente entrega qualidade.

De ferramenta de bastidor a vitrine para executivos

Durante anos, a IA serviu como apoio para tarefas repetitivas. Isso ajudou artistas a ganhar tempo em processos demorados. Então veio 2025 e a conversa virou vitrine. Parte dos estúdios passou a tratar geradores de vídeo como caminho principal para acelerar desenvolvimento e reduzir etapas.

Primeiramente esse movimento cresceu mesmo com uma dúvida central. Ainda não existe uma série ou filme que prove o valor artístico dessa geração de vídeo. A tecnologia aparece, mas não se sustenta como obra final.

Processos, direitos autorais e a virada para parcerias

A aproximação começou com conflito. Estúdios tinham motivo para ir ao tribunal, já que modelos de vídeo parecem treinados em obras protegidas. Disney, Universal e Warner Bros. Discovery entraram com ações contra empresas do setor.

Depois, parte do mercado trocou a briga por acordos. A lógica ficou clara. Se a adoção acelerar, ninguém quer ficar fora. Assim, o debate saiu do campo jurídico e entrou no campo comercial.

Startups prometeram uma nova TV, mas não convenceram

2025 também trouxe empresas menores tentando ganhar lugar no entretenimento.

Asteria, projeto ligado a Natasha Lyonne, prometeu desenvolver filmes com modelos “éticos”. No anúncio, o discurso foi grande. Na prática, quase nada chegou ao público.

Showrunner, plataforma apoiada por Amazon, vendeu a ideia de gerar “shows” a partir de frases em um servidor do Discord. O resultado lembrava paródias frágeis e sem acabamento. A proposta parecia menos sobre arte e mais sobre abrir caminho para licenciar personagens famosos em conteúdo gerado por usuário.

Disney, OpenAI e a aposta de um bilhão

Em dezembro, a Disney firmou um acordo de licenciamento com a OpenAI por três anos, estimado em US$ 1 bilhão. Além disso, o pacote abre o uso de cerca de 200 personagens em vídeos gerados no Sora, incluindo franquias como Star Wars e Marvel.

O plano segue em expansão. A Disney sinalizou uma área dedicada a conteúdo gerado por usuário em seu serviço de streaming no ano seguinte. Também incentivará funcionários a usar produtos como o ChatGPT.

Esse passo importa por um motivo simples. Ele vira um recado para o resto do mercado. Se a Disney faz, outros estúdios tendem a copiar. A IA Hollywood entra, assim, na fase do efeito manada.

Netflix e Amazon mostraram o risco do atalho

A Netflix foi uma das primeiras a defender o uso de IA de forma pública. A empresa já usou a tecnologia em efeitos visuais de uma série original. Em seguida, publicou diretrizes gerais para parceiros. O argumento central foi economia em VFX.

A Amazon foi ainda mais longe e pagou o preço. Ela lançou animes japoneses dublados e localizados com processos automáticos, sem tradutores humanos e sem dubladores. O resultado ficou ruim e gerou reação imediata. A empresa também testou recaps gerados por máquina e errou detalhes básicos de vários programas. Depois, retirou as duas iniciativas do ar.

Esses casos expuseram um padrão. Quando a prioridade vira escala, a experiência do público cai. Por isso, o termo “era do slop” ganhou força na conversa sobre IA Hollywood.

Golpes de marketing e ansiedade do setor

O ano também teve stunts, como a “atriz” de IA Tilly Norwood. Esses episódios reforçaram o desconforto de quem trabalha com criação. Eles também alimentaram a ideia de que a tecnologia está sendo empurrada para o público sem necessidade real.

No fim, 2025 marcou uma mudança. Hollywood aceitou a IA como discurso oficial. Só que o produto final ainda não justificou o barulho.

O que esperar em 2026

A presença de IA em cinema e TV tende a crescer. O motivo é financeiro. Redução de custo e aceleração de pipeline seduzem executivos.

Ainda assim, a reação do público define o limite. Se a experiência piorar, a rejeição sobe. Se surgirem obras boas, o debate muda. 2025 deixou um recado: adotar rápido não significa entregar melhor.

FAQ

O que mudou em 2025 no uso de IA em cinema e TV?
O foco saiu de tarefas de pós-produção e migrou para projetos com geração de vídeo por texto e parcerias comerciais.

Quais estúdios moveram ações judiciais por direitos autorais?
Disney, Universal e Warner Bros. Discovery entraram com processos contra empresas de IA.

O que inclui o acordo Disney e OpenAI?
Um licenciamento de três anos, estimado em US$ 1 bilhão, que libera uso de cerca de 200 personagens em vídeos no Sora.

Por que Amazon recuou em dublagens e recaps gerados por IA?
Os lançamentos tiveram erros e baixa qualidade, o que gerou reação negativa e levou a empresa a retirar os recursos.

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