O Bumble, rival do Tinder, dá poder às mulheres e conquista a Nasdaq

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Ao mudar as regras da paquera, dando às mulheres a decisão de fazer o primeiro contato, e com um conselho formado por executivas, o Bumble avançou 63% em sua estreia na bolsa. Sua fundadora, Whitney Wolfe Herd, se tornou também a mais jovem empreendedora a liderar um IPO nos EUA.


Inverter completamente as tradicionais regras de encontros amorosos, deixando nas mãos das mulheres a decisão de fazer o primeiro contato, não foi o único grande feito provocado pelo Bumble, um app que vem despontando em meio ao aquecido mercado de aplicativos de encontro.

Sua fundadora, Whitney Wolfe Herd, de 31 anos, se tornou a mais jovem mulher a liderar uma empresa em um IPO na bolsa americana. A companhia fez sua estreia nesta quinta-feira, 11 de fevereiro, na Nasdaq e conquistou também os investidores.

As ações fecharam o primeiro dia de negociação a US$ 70,31, uma valorização de 63,51%. Com uma captação de US$ 2,2 bilhões, a empresa passou a ser avaliada em US$ 7 bilhões.

No fim de setembro do ano passado, o app tinha 42 milhões de usuários ativos. Destes, 2,5 milhões pagavam uma mensalidade para ter acesso a conteúdos adicionais, um aumento de 22% em relação ao ano anterior. Nos primeiros nove meses de 2020, a empresa registrou um faturamento de US$ 413 milhões e um prejuízo de US$ 28 milhões.

Confundadora do Tinder, Herd deixou a posição de vice-presidente do popular app de encontros e entrou com um processo contra a empresa e contra ex-colegas por assédio sexual. A disputa acabou em um acordo que deu a ela US$ 1 milhão e uma quantia de ações do Tinder.

Herd só decidiu retornar ao segmento de apps de encontro por influência do empreendedor russo Andrey Andreev, cofundador do Badoo, outro aplicativo do tipo. Ela fundou o Bumble em 2014, com um investimento inicial de US$ 10 milhões de Andreev.

O desempenho acima do esperado também é visto como uma vitória importante para o Blackstone Group, companhia que gerencia US$ 554 bilhões em ativos.

A Blackstone comprou uma participação majoritária na MagicLab, empresa de Andreev que controla o Bumble, depois que o bilionário russo vendeu sua participação na esteira de uma investigação sobre o ambiente tóxico e misógino na sede da MagicLab, em Londres.

A proposta da Bumble de colocar as mulheres em posição de poder não fica restrita apenas às regras de encontro dentro do aplicativo. O conselho é formado majoritariamente por empreendedoras e executivas com experiência.

Entre elas estão Michelle Kennedy, responsável pela Peanut, uma rede social para mães, e Ann Mather, ex-CFO da Pixar, que atua também nos conselhos de Netflix, Alphabet e Airbnb.

A empresa também lançou seu próprio fundo de investimentos, o Bumble Fund, em 2018, com foco em empresas em early stage fundadas e dirigidas por mulheres negras e por representantes de outros grupos pouco representados. O tíquete médio é US$ 25 mil. A tenista Serena Williams é uma das investidoras.

Iniciativas como essa, no entanto, ainda estão longe de resolver o grave problema da absoluta falta de mulheres em posições de liderança nas empresas americanas. Apenas 6% das companhias que integram o índice S&P 500 têm uma CEO. A Oracle, com Safra Catz, e a General Motors, com Marry Barra, estão entre as exceções.

O Goldman Sachs afirmou, no mês passado, que não vai conduzir processos de abertura de capital de empresas que não tenham ao menos uma mulher na diretoria.

E a Nasdaq levou uma proposta ao SEC (Securities and Exchange Commission), o órgão regulador americano, para que as empresas listadas na bolsa tenham que compartilhar informações sobre a diversidade no conselho de administração.

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