O impacto dos algoritmos nas redes sociais e na formação de bolhas

0
Mecanismos criam e refinam uma teoria sobre quem somos e sobre o que vamos fazer ou desejar seguir, a partir dessa constatação, as bolhas são formadas. Imagem: medium.com/convergência-digital

Atualmente, não há transparência total sobre o funcionamento dos algoritmos nas redes sociais.


Os algoritmos nas redes sociais têm papel central na forma como consumimos informações todos os dias. Embora tragam personalização e praticidade, também contribuem para a criação de bolhas informacionais — ambientes em que o usuário é exposto apenas a conteúdos que reforçam suas crenças. Mas, afinal, como isso acontece e o que podemos fazer?

O que são algoritmos e como atuam

Algoritmos são conjuntos de instruções programadas que executam tarefas específicas. No contexto das redes sociais, esses sistemas processam dados das interações dos usuários, como curtidas, comentários, tempo de visualização e compartilhamentos. A partir disso, decidem o que mostrar na linha do tempo.

Empresas como Meta, dona do Facebook e Instagram, revelaram recentemente que seus sistemas usam inteligência artificial para personalizar o conteúdo exibido. A plataforma tenta prever quais postagens você pode gostar, com base no seu histórico. Isso é feito por meio de múltiplos algoritmos que operam ao mesmo tempo, como explica Paola Accioly, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

No caso da rede social X (antigo Twitter), os algoritmos avaliam quais tweets têm maior potencial de engajamento. A aba “Para você”, por exemplo, mistura postagens de contas seguidas e de perfis novos, buscando equilibrar familiaridade e descoberta.

O risco das bolhas informacionais

Apesar dos benefícios, os algoritmos nas redes sociais também podem restringir o acesso à diversidade de informações. Isso acontece quando as plataformas priorizam conteúdos semelhantes aos que o usuário já demonstrou interesse. Segundo Virgílio Almeida, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), esse mecanismo reforça pontos de vista e limita o contato com opiniões divergentes.

Esse fenômeno cria o que se chama de bolha informacional. Dentro dela, as pessoas veem apenas o que confirma suas crenças, o que pode reforçar a desinformação e dificultar o diálogo. Com isso, cresce a necessidade de entender como esses algoritmos funcionam e buscar formas de escapar dessas bolhas.

Como se proteger e ampliar a visão

Para evitar ser capturado pelas bolhas criadas pelos algoritmos nas redes sociais, algumas atitudes simples já ajudam. Diversificar suas fontes de informação e interagir com conteúdos de diferentes perspectivas são práticas eficazes.

Outra forma de se proteger é investir em educação midiática. Ao entender como os algoritmos funcionam, o usuário se torna mais crítico e consciente ao navegar pelas plataformas. A professora Kérley Winques, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), alerta que os algoritmos não são neutros — eles seguem lógicas comerciais e refletem escolhas humanas.

A importância da regulação

Atualmente, não há transparência total sobre o funcionamento dos algoritmos nas redes sociais. Por isso, cresce o debate sobre a necessidade de regulação. O Projeto de Lei das Fake News, em discussão na Câmara dos Deputados, busca estabelecer regras para as plataformas digitais, incluindo maior clareza sobre os critérios usados pelos algoritmos.

A regulação poderia aumentar a responsabilidade das empresas de tecnologia e garantir mais equilíbrio no acesso à informação. Enquanto isso não ocorre, cabe ao usuário adotar uma postura mais ativa e consciente diante dos conteúdos recomendados.


Perguntas frequentes

O que são bolhas informacionais?

São ambientes digitais onde os usuários recebem apenas conteúdos que reforçam suas crenças, limitando o acesso à diversidade de opiniões.

Como os algoritmos nas redes sociais funcionam?

Eles analisam dados de comportamento dos usuários para decidir quais conteúdos serão exibidos com base em preferências anteriores.

Os algoritmos são neutros?

Não. Eles refletem escolhas humanas e interesses comerciais das empresas responsáveis pelas plataformas.

Como evitar os efeitos das bolhas informacionais?

É importante buscar fontes variadas, interagir com diferentes tipos de conteúdo e desenvolver pensamento crítico por meio da educação midiática.

Notícia anteriorAs tecnologias dos anos 2000 que moldaram a comunicação digital