Robôs humanoides ganham destaque e polêmica nas redes com estratégias de marketing agressivas

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Chinesa UBTech apresentou "exército" de robôs humanoides e foi acusada de usar computação gráfica em vídeos (Crédito: Reprodução/UBTech)

A maioria depende de teleoperação ou possui limitações que impedem substituições completas em ambiente doméstico.


Vídeos virais, demonstrações tecnológicas e estratégias de marketing agressivas colocaram essa categoria de máquinas no centro das discussões sobre inovação e inteligência artificial. No entanto, ao mesmo tempo em que despertam curiosidade, também levantam dúvidas sobre sua real capacidade e sobre o quanto das apresentações é, de fato, tecnologia ou apenas espetáculo midiático.

XPeng e o marketing que despertou ceticismo

A polêmica recente envolvendo a montadora chinesa XPeng ilustra bem esse cenário. Em uma apresentação pública, a empresa decidiu remover a “pele” de um robô humanoide para provar que ele não era manipulado por humanos. A estratégia funcionou para gerar engajamento, mas também levantou suspeitas.

O robô, chamado Iron, demonstrou movimentos suaves e razoavelmente precisos. Mesmo assim, muitos especialistas classificaram a apresentação como um “teste de Turing reverso”, já que o público foi levado a duvidar não da humanidade, mas da autenticidade da máquina. Assim, os robôs humanoides em destaque passaram a ser observados com ainda mais rigor por quem acompanha o setor de perto.

Vídeos coreografados e a controvérsia com a UBTech

A XPeng não foi a única empresa chinesa sob escrutínio. A UBTech lançou um vídeo mostrando seu exército de robôs Walker S2 executando uma coreografia de movimentos sincronizados. O material viralizou rapidamente e provocou opiniões divididas.

Enquanto muitos ficaram impressionados, outros levantaram suspeitas de que parte das imagens poderia ter sido produzida com computação gráfica. Brett Adcock, fundador da empresa americana Figure, afirmou que apenas o robô posicionado à frente parecia real. Como resposta, a UBTech publicou uma foto do galpão repleto de máquinas e colaboradores, tentando minimizar as críticas.

Essas situações evidenciam que a crescente presença dos robôs humanoides em destaque nas redes está diretamente ligada às estratégias de divulgação, que nem sempre são totalmente transparentes.

China: líder mundial na produção de robôs

Apesar das polêmicas, não há dúvida de que a China domina o cenário global da robótica. Nos últimos dez anos, o país aumentou sua presença na indústria, saltando de um quinto para mais da metade das instalações de robôs industriais no mundo. Além disso, lidera o desenvolvimento de robôs utilitários, aqueles capazes de executar tarefas domésticas ou culinárias.

Segundo a Federação Internacional de Robótica, os investimentos chineses devem ultrapassar US$ 138 bilhões nas próximas duas décadas, impulsionando desde “fábricas 24h” até serviços de alimentação baseados em automação.

Participação brasileira no desenvolvimento de robôs humanoides

Embora distante da potência chinesa, o Brasil também avança. O professor Joel Ramos, da UFRJ, criou o primeiro robô humanoide brasileiro, o 14-Bis. Com seis versões já desenvolvidas, o robô funciona com energia solar e integra inteligência artificial. O projeto tem foco educacional e inspira jovens estudantes, além de contar com iniciativas inovadoras, como tradução de Libras em tempo real.

Essas iniciativas mostram que, mesmo sem grandes investimentos, o país possui potencial para se destacar no setor.

Rússia e EUA também buscam espaço

Enquanto isso, a Rússia tenta recuperar visibilidade no mercado. Porém, durante uma apresentação pública, seu robô Aidol sofreu uma queda que rapidamente viralizou e prejudicou a reputação do projeto. O CEO da empresa precisou levantar o robô manualmente, reforçando as críticas à qualidade dos componentes utilizados.

Nos Estados Unidos, empresas como a 1X Technologies tentam destacar suas máquinas com marketing criativo. O robô doméstico Neo foi apresentado como capaz de executar tarefas como lavar, passar e cuidar de pets. Mas um detalhe importante passou despercebido no lançamento: o robô é teleoperado por meio de realidade virtual. Ou seja, seu desempenho depende diretamente de um humano.

Essa revelação intensificou o debate sobre até que ponto os robôs humanoides em destaque realmente representam avanços ou apenas produtos de marketing bem construídos.


Perguntas frequentes

Os robôs humanoides atuais são realmente capazes de substituir humanos em tarefas domésticas?
Ainda não. A maioria depende de teleoperação ou possui limitações que impedem substituições completas em ambiente doméstico.

A China realmente lidera o mercado mundial de robótica?
Sim. O país concentra mais da metade das instalações de robôs industriais no mundo e faz altos investimentos em automação.

Por que há tanta desconfiança sobre vídeos de robôs nas redes sociais?
Porque muitos vídeos utilizam marketing exagerado, cortes estratégicos ou até efeitos visuais para simular capacidades ainda inexistentes.

O Brasil tem potencial para competir nesse mercado?
Tem, especialmente em educação e pesquisa. Projetos como o robô 14-Bis mostram inovação mesmo com recursos limitados.

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