Fundador do Signal diz ter encontrado brechas em aparelho usado por polícias para extrair dados de celulares

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Presidente-executivo do app de mensagens diz que achou equipamento da Cellebrite na rua e depois descobriu vulnerabilidades.


 

Recentemente, empresa responsável pelo sistema encontrou jeito de acessar dados do Signal. Serviços da companhia estão sendo usados no caso Henry Borel.

Moxie Marlinspike, fundador e presidente-executivo do Signal, aplicativo de mensagens rival do WhatsApp e conhecido por suas opções de segurança e privacidade, divulgou nesta quarta-feira (21) um texto em que expõe brechas em um dispositivo da Cellebrite usado por policiais para perícias e extração de dados de celulares.

Os serviços da Cellebrite tiveram destaque na investigação da morte do menino Henry Borel, de 4 anos.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro utilizou os equipamentos da companhia para conseguir provas contra o vereador Dr Jairinho, padrasto do garoto, e a professora Monique Medeiros, mãe de Henry.

“Ficamos surpresos ao descobrir que pouco cuidado foi dado à própria segurança de software da Cellebrite”, escreveu Marlinspike em um texto no blog oficial do Signal.

Ele disse que encontrou uma maleta com o dispositivo “em uma caminhada na rua” e que ela continha um adaptador, diversos cabos e a versão mais recente do software da Cellebrite.

Os produtos da Cellebrite têm capacidade técnica para desbloquear diversos celulares com Android e iOS (iPhones).

O executivo da Signal disse que o UFED (Dispositivo de Extração Forense Universal, em tradução da sigla em inglês) possui “diversas vulnerabilidades” que poderiam “adulterar o dispositivo escaneado e os dados que poderiam ser acessados” – o que poderia comprometer a integridade de perícias.

Segundo ele, essas brechas poderiam ser utilizadas para alterar relatórios passados e futuros realizados no dispositivo.

A equipe que analisou o produto descobriu que ele continha trechos de softwares da Apple, o que poderia “violar direitos autorais”.

O CEO do Signal disse estar disposto a revelar para a Cellebrite todas as falhas de segurança que encontrou, mas a empresa precisaria se comprometer revelar as brechas que usa para desbloquear celulares “agora e no futuro”.

Os detalhes do funcionamento do serviço da Cellebrite são um segredo comercial. Em dezembro passado, a empresa disse ter encontrado uma forma de acessar dados de mensagens do Signal, burlando medidas de segurança do aplicativo, que é famoso por elas.

Em uma mensagem cifrada no final do seu texto, Marlinspike disse que as futuras versões do Signal iriam “buscar arquivos para colocar no armazenamento do app” e que tais arquivos não teriam utilidade.

Nas entrelinhas, o executivo parece sugerir que a mudança terá impacto no funcionamento dos produtos da Cellebrite.

No Brasil, além do caso Henry Boral, a tecnologia da Cellebrite já foi usada no Brasil em perícias realizadas pela Lava Jato, segundo relatórios da Polícia Federal.

O próprio site da Cellebrite afirma que a PF também utilizou seus serviços na Operação Enterprise, que investigou tráfico internacional de drogas.

Em 2019, o Ministério Público do Rio de Janeiro conseguiu autorização da Justiça carioca para usar as soluções da companhia na investigação da morte da vereadora Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes.

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