Entenda por que a crise da Meta é um divisor de água para as redes sociais

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Empresa dona do Facebook congelou planos de contratação e, de acordo com Mark Zuckerberg, se prepara para a pior crise de sua história.


O que faz a quinta empresa a ter atingido a marca de US$ 1 trilhão em valor de mercado falar em “crises sem precedentes”? Sem dúvida, as notícias envolvendo a Meta desde a semana passada e intensificadas durante o final de semana acenderam um alerta entre os investidores. A empresa cortou planos de admissão de novos profissionais, congelou projetos de investimento e deve reduzir em 30% a quantidade de novas contratações ainda neste ano.

Mark Zuckerberg teria dito, em documentos internos, que se aproxima uma das maiores crises já vividas pela empresa. “Se eu tivesse que apostar, diria que esta pode ser uma das piores crises que vimos na história recente“, disse Zuckerberg aos funcionários em uma sessão semanal de perguntas e respostas, cujo áudio foi ouvido pela Reuters. “Parte da minha esperança ao aumentar as expectativas e estipular metas mais agressivas, e apenas elevar um pouco a temperatura, é que acho que alguns de vocês podem decidir que este lugar não é para você, e que a auto seleção é ok para mim”, disse ele.

Mas o que esse momento da Meta representa em termos de impacto para a indústria de tecnologia como um todo? Os desafios recentes da Meta não são apenas econômicos, também têm relação direta com modelo de negócios e a concorrência com plataformas em ascensão como o TikTok. Enquanto o Facebook vem apresentando queda de usuários, a plataforma chinesa de vídeos curtos já chega a 1 bilhão de usuários ativos mensais de forma acelerada.

Nos últimos anos, as tentativas em lidar com esse contexto ficaram claras na estratégia do Facebook. O lançamento da funcionalidade Reels, por exemplo, foi uma forma de se aproximar do que oferece o TikTok. Em abril, em um comunicado interno publicado pelo The Verge, um dos executivos da Meta responsáveis pelo Facebook, Tom Alison, revelou que a estratégia era, assim como o TikTok, orientar o algoritmo para recomendar postagens de pessoas que não são necessariamente seguidas pelos usuários.

“Mudanças são normais, principalmente em meio às crises. Acredito que o mercado fique mais rígido em relação a contratação de profissionais, sobretudo os de tecnologia, para ter uma execução mais certeira e diminuir o número de funcionários. Em pouco tempo muitas áreas deixarão de existir, havendo um corte de caminho nas execuções internas. Todas essas mudanças e sinalizações, têm como objetivo afetar o mínimo possível da experiência do usuário, que é o cliente final”, explica Jhoniker Braulio, CEO da First Phoenix Studio, empresa brasileira de desenvolvimento de jogos eletrônicos.

Thiago Lobão, CEO da Catarina Capital, explica que, na prática, apesar de ser uma das maiores empresas do mundo, ela passou a ser dependente de uma receita baseada em publicidade. “Um modelo que vem sendo ameaçado pelo crescimento do TikTok. Olhando para isso ela tentou, de certa forma, apostar em um novo segmento e até passando por um rebranding que foi a aposta no metaverso, mas que é arriscado. Além disso, neste momento, também existe um contexto de crise macroeconomia nos Estados Unidos pós-pandemia e altos níveis de investimento, inclusive em uma aposta que é o metaverso. Apesar de ser arriscado, de certa forma, o metaverso representa a nova rede social, então faz sentido que esteja no mapa da empresa.”

A divisão que desenvolve o metaverso é origem direta de investimentos da empresa e fonte expressiva de prejuízos nos últimos anos. Em 2019, a área teve US$ 4,5 bilhões (R$ 23,7 bilhões) de perdas. No ano seguinte, 2020, foram US$ 6,6 bilhões (R$ 34,8 bilhões) e, em 2021, esse valor saltou para US$ 10,1 bilhões (R$ 53 3 bilhões).

De acordo com análise da XP Investimentos, desenvolvida pelos analistas Vinicius Araújo, Jennie Li e Rafael Nobre, existem alguns desafios na construção do metaverso. “Apesar dos milhões que estão sendo gastos em NFTs, ainda é cedo para imaginar uma substituição de itens físicos, como automóveis e casas por suas versões digitais. Tal mudança envolveria uma transformação cultural de longo-prazo”, pontua a análise.

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